O Hazop, do inglês Hazard and Operability Study, ou em português “Estudo de Perigos e Operabilidade”, é uma maneira sistemática de identificar possíveis perigos em um processo de trabalho, dividindo-o em etapas e considerando as variações nos parâmetros de trabalho para cada, para ver o que pode dar errado.
A abordagem meticulosa do Hazop é amplamente utilizada na Indústria da Construção, particularmente onde estão envolvidos os processos mecânicos, elétricos e/ou hidráulicos. Isso inclui estações de bombeamento, sistemas de drenagem, obras de tratamento de água e esgoto, sistemas de controle ambiental na construção e qualquer tipo de sistema de tratamento ou processamento, mas ela pode ser usada igualmente para outros processos, desde que se perceba sua necessidade
Para que você entenda como funciona o Hazop e qual sua influência na segurança no trabalho de uma obra, explicaremos abaixo o que é essa metodologia e como ela pode ser aplicada. Acompanhe:
O Hazop e a segurança no trabalho
A tarefa de analisar os perigos em um local de trabalho ou sistema pode ser assustadora. No entanto, sem um estudo efetivo, potenciais riscos podem não ser descobertos antes de resultar em feridos e perdas. O custo de um acidente é muitas vezes maior do que o custo da análise que poderia ter evitado que ele acontecesse, comprometendo ainda a o andamento e a qualidade da construção.
Há muitas maneiras de avaliar os possíveis perigos de um processo ou local de trabalho, e cada abordagem tem pontos fortes e fracos. Por exemplo, a Análise de Risco de Trabalho (ART), que possui foco na mão de obra, é particularmente eficaz para proteger os trabalhadores, pois considera cada uma das tarefas que um profissional deve executar.
No entanto, se você precisa avaliar um sistema longo e complexo, em vez de necessidades individuais de segurança dos trabalhadores, um método de análise de risco mais amplo pode ser necessário. A OSHA, agência do departamento de trabalho dos EUA (Occupational Safety and Health Administration), listou vários métodos comuns para encontrar os perigos potenciais nesses sistemas, incluindo:
- Análise What-If (WI) que utiliza reuniões de questionamentos para testar omissões nos procedimentos;
- Ciclo PDCA;
- Estudos de Perigos e Operabilidade (Hazop);
- Análise de modos de falhas e efeitos (FMEA);
- Análise da árvore de falhas.
O Hazop é um método comum de análise de risco para sistemas complexos, com o objetivo de evitar acidentes e garantir a segurança no trabalho. Ele pode ser usado para identificar problemas mesmo durante os estágios iniciais do desenvolvimento do projeto, além de identificar os riscos potenciais nos sistemas existentes.
O processo de estudo do Hazop
Os quatro passos de um estudo Hazop analisam sistematicamente cada elemento em um processo. O objetivo é encontrar situações potenciais que façam com que esse elemento represente um perigo ou limite a operabilidade do processo como um todo. As quatro etapas básicas do Hazop são:
- Formar uma equipe de Hazop;
- Identificar os elementos do sistema;
- Considerar possíveis variações nos parâmetros operacionais;
- Identificar quaisquer perigos ou pontos de falha.
Uma vez que as quatro etapas forem concluídas, as informações resultantes podem levar a melhorias no sistema. Veja abaixo do que consiste cada uma dessas etapas:
1. Formar uma equipe Hazop
Para realizar um Hazop, é formada uma equipe de trabalhadores, incluindo pessoas com uma variedade de habilidades, como operações, manutenção, instrumentação, engenharia, design de processos e outros especialistas conforme necessário.
Esses não devem ser «novatos», mas pessoas com experiência, conhecimento e uma compreensão de sua parte do sistema. Os principais requisitos são o entendimento do sistema e a vontade de considerar todas as variações razoáveis em cada ponto do mesmo.
2. Identificar cada elemento e seus parâmetros
A equipe Hazop então criará um plano para o processo de trabalho completo, identificando as etapas ou elementos individuais. No caso dos sistemas hidráulicos, por exemplo, isso geralmente envolve o uso dos diagramas de tubulação e instrumentos, ou um modelo de planta, como um guia para examinar cada seção e componente de um processo.
Para cada elemento, a equipe deve identificar os parâmetros operacionais planejados do sistema nesse ponto: taxa de fluxo, pressão, temperatura, vibração e assim por diante.
3. Considere os efeitos da variação
Para cada parâmetro, a equipe deve considerar os efeitos do desvio a partir do que é considerado normal. Por exemplo, imagine uma válvula que trabalhe controlando a pressão de fluidos em um sistema hidráulico.
A equipe de Hazop deverá responder às seguintes perguntas: «O que aconteceria se a pressão nessa válvula fosse muito alta? E se a pressão fosse inesperadamente baixa?”. Ela deve também considerar as formas em que cada elemento interage com os outros no sistema hidráulico ao longo do tempo. Por exemplo: «O que aconteceria se a válvula fosse aberta muito cedo ou muito tarde?».
4. Identificar perigos e pontos de falha
Se o resultado de uma variação representar perigo para os trabalhadores ou para o processo de produção, você encontrou um problema em potencial. Documente essa preocupação e estime o impacto da falha nesse ponto. Então, determine a probabilidade de que essa falha aconteça.
Existe uma causa realista para a variação nociva? Avalie as salvaguardas e sistemas de proteção existentes e sua capacidade de lidar com os desvios que você considerou.
Resultados de um estudo HAZOP para a segurança no trabalho
Como o Hazop é um exercício, ele pode ser implementado como parte do planejamento de um novo processo. Mesmo antes de uma instalação ser construída! As instalações e processos existentes também podem ser avaliados com o Hazop.
Quando um estudo desse tipo é realizado na fase de planejamento de um novo processo, completar o Hazop significa que todas as causas potenciais de falha serão identificadas. A equipe Hazop redigirá uma avaliação que pesa os possíveis desvios, suas conseqüências, suas causas e os requisitos de proteção. A partir deste ponto, as mudanças no plano podem ser feitas para evitar problemas ou para mitigar seus efeitos.
Nas instalações existentes, um Hazop pode estar em andamento, trabalhando para melhorar o processo sem uma data final específica. Em vez de uma única e grande avaliação, os resultados do estudo serão lançados como um fluxo de itens de ação, pois cada problema é identificado e uma solução é criada em consequência.
Em ambos os casos, quando uma condição perigosa é identificada, as recomendações de segurança no trabalho podem ser feitas para modificações do processo ou do sistema. Um estudo adicional por um especialista pode ser necessário. Um estudo Hazop pode recomendar algumas ações típicas, como:
- Uma revisão dos projetos de sistemas de proteção existentes por um especialista;
- Adição ou modificação dos alarmes que alertam sobre desvios;
- Adição ou modificação de sistemas de alívio;
- Adição ou modificação de sistemas de ventilação;
- Aumento da frequência de amostragem e teste.
Cada uma dessas etapas pode ser recomendada como parte da Hierarquia de Controle de Risco, que tem como objetivo priorizar os passos mais efetivos para eliminar perigos e garantir a segurança em seu projeto.
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