Em vigor desde 2013, a NBR 15575 (ou norma de desempenho) é voltada para o controle dos indicadores de desempenho de edificações habitacionais. Ela é inovadora pois inaugurou uma nova perspectiva no campo da construção: foi a primeira vez que uma norma técnica relacionou a qualidade da obra aos seus impactos diretos na vida do consumidor.
Sob essa nova visão, o edifício habitacional passa a ser encarado como um todo, de maneira sistêmica.
Quer saber mais? Entenda, no conteúdo de hoje, tudo sobre a NBR 15575, seus critérios e o que mudou na sustentabilidade de obras com a publicação da norma de desempenho.
Aplicabilidade da norma de desempenho
No âmbito da NBR 15575, compreende-se que o bom desempenho de uma edificação habitacional possa ser medido de acordo com sua capacidade de atender às necessidades humanas. Assim, engloba áreas como estabilidade estrutural, desempenho térmico, luminoso e acústico, resistência contra fogo e, ainda, os sistemas hidrossanitários.
Dentro desse conceito de necessidades humanas da norma de desempenho NBR 15575, está incluído, também, o olhar sobre questões de sustentabilidade e controle do impacto ambiental das obras. Isso reforça a importância do licenciamento ambiental das edificações e mostra que, hoje, não há mais margens para negligenciar o meio ambiente na construção.
Assim, um ponto positivo desta normativa é que ela divide a responsabilidade igualmente entre os diferentes profissionais envolvidos no processo de construção (projetista, arquiteto, construtor, etc).
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Critérios para avaliar o desempenho de edifícios conforme a NBR 15575
A avaliação de desempenho de edifícios, conforme a NBR 15575, é um tema complexo, pois envolve toda a cadeia produtiva da construção — desde os fornecedores e projetistas até o usuário final da edificação habitacional.
Desse modo, ela é dividida de acordo com cada um dos elementos que devem ser considerados para obter um bom desempenho do projeto construído.
Por exemplo, para a implantação da obra, a norma de desempenho estabelece que os projetos sejam desenvolvidos respeitando:
- As características geomorfológicas do local, levando em consideração riscos de deslizamentos, enchentes e outros desastres naturais;
- As chances de explosões em decorrência de gases liberados por aterros sanitários, da proximidade com pedreiras, entre outros;
- As condições de agressividade ao meio ambiente, tais como o rebaixamento de lençóis freáticos, danos ao solo pelo efeito de estacas, etc;
- A necessidade de interações com construções nos arredores para minimizar os impactos citados acima.
Como podemos observar, é muito importante que os profissionais envolvidos na obra tenham conhecimento profundo da área de implantação. Isso significa conhecer seus antecedentes relativos à presença de aterros sanitários, outras edificações habitacionais, indústrias e quaisquer outras construções que possam impactar os critérios de desempenho.
Por isso, é fundamental estar em contato com a prefeitura local, entidades voltadas para questões ambientais, Defesa Civil, dentre outros. Afinal, estes órgãos podem fornecer informações relevantes para evitar que a viabilidade do projeto seja comprometida.
Existem, ainda, outros direcionamentos ligados à sustentabilidade do projeto previstos na NBR 15575. De acordo com a própria norma de desempenho, “os empreendimentos e sua infraestrutura (arruamento, drenagem, rede de água, gás, esgoto, telefonia, energia) devem ser projetados, construídos e mantidos de forma a minimizar as alterações no ambiente”.
Controle de resíduos
A NBR 15575 exige ainda um controle adequado de resíduos, de modo que o solo e os lençóis freáticos não sejam danificados. É essencial que o sistema de esgoto da edificação esteja ligado à rede pública ou a algum outro sistema de tratamento e disposição de efluentes. O mesmo vale para resíduos sólidos, que devem ser devidamente previstos e tratados desde a concepção do projeto.
Lembre-se: é responsabilidade do projeto prever possíveis anomalias (como o recalque de aterros) para que seja possível tomar as providências cabíveis na prevenção de danos.
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Uso de recursos
A preocupação com os resíduos está presente, também, na orientação de uso consciente de materiais, certificando-se de que a precedência dos recursos utilizados esteja de acordo com as normas ambientais.
Além disso, recomenda-se a adoção de sistemas de reutilização de água, de modo a economizar os descartes das instalações hidrossanitárias para reaproveitá-los em funções onde seja possível o uso de água não potável.
Dessa forma, reduz-se o volume de resíduos encaminhado para unidades de tratamento e, consequentemente, seu impacto ambiental. Tratar da durabilidade dos materiais utilizados e minimizar o gasto de recursos é uma das maneiras de minimizar os efeitos da obra perante a natureza.
Além destas, há uma série de outras indicações e critérios que devem ser analisados com calma e atenção. Vale compreendê-los isoladamente, pois aplicá-los de modo correto é fundamental para o sucesso do projeto.
Mudanças no setor de construção a partir da NBR 15575
Apesar de ainda não ser obrigatória, a norma de desempenho ganha cada vez mais relevância com impactos importantes no setor de construção. Entre elas, podemos destacar o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, levando empresas a buscarem soluções inovadoras e sustentáveis.
Por não haver especificação dos materiais a serem utilizados, a empresa pode definir as características necessárias a cada um. Além disso, há um aumento significativo na importância do projeto, que deve prever todas as demandas do usuário — bem como prever a vida útil de cada sistema.
As empresas que se empenharem em evoluir tecnicamente para atendê-la com certeza colherão bons frutos. Além disso, os consumidores também ficarão mais satisfeitos com a garantia de qualidade dos imóveis. Com uma exigência cada vez mais alta por parte dos usuários, também será preciso um trabalho mais especializado para manter-se competitivo no mercado.
Assim, é evidenciada a relevância da NBR 15575. Através dos itens citados anteriormente, destaca-se a importância de uma cultura voltada para a norma de desempenho da edificação e os anseios do cliente final. Com isso, é gerado maior foco na pesquisa, na utilização de novas tecnologias e, por consequência, na melhoria da qualidade em projetos elaborados.
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