Foi-se o tempo em que era possível imaginar a vida sem a eficiência energética na indústria da construção. Hoje em dia, somos fortes dependentes de equipamentos, máquinas e dispositivos eletrônicos nos processos da construção. Alguns itens que, rapidamente, tornaram-se indispensáveis na rotina da maioria ao redor do mundo.
No entanto, quais são as melhores práticas para obter eficiência energética nos diferentes estágios da obra? Isso é o que vamos ver agora!
Eficiência energética: o surgimento do conceito
Com valor agregado e ampla utilização, entra em jogo a sustentabilidade. O surgimento da eficiência energética corresponde à necessidade de repensar o consumo em prol do meio ambiente, das empresas e dos usuários em geral.
O objetivo econômico foi o que motivou a proposta inicial do conceito. A partir daí, o setor da construção passou a contar com uma variedade de benefícios relacionados à eficiência energética. São exemplos: redução do desperdício, menores índices de poluição, uso mais eficaz dos recursos naturais, além da melhora na saúde e no bem-estar dos profissionais.
As vantagens são tantas que foram criadas normas de avaliação e padronização. A Etiqueta PBE Edifica, criada pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é um bom exemplo.
O selo mede a eficiência energética de construções, com o objetivo de incentivar o uso racional da eletricidade e reduzir gastos desnecessários. Mas qual o resultado? Metade do gasto energético em edifícios novos com classificação A e 30% a menos em reformas.
A ABNT NBR 15575, em vigor há cinco anos, é uma norma de regulamentação que controla indicadores na construção civil, relacionando a qualidade da obra com seus impactos diretos na vida dos indivíduos.
Em resumo, ela garante que “o bom desempenho de uma edificação habitacional possa ser medido de acordo com sua capacidade de atender às necessidades humanas. Assim, engloba áreas como estabilidade estrutural, desempenho térmico, luminoso e acústico, resistência contra fogo e, ainda, os sistemas hidrossanitários.”
Como obter eficiência energética na construção?
Em meio a tantos procedimentos internos e externos à organização, às vezes é complicado saber por onde começar. Afinal, como tornar as práticas da construção civil sustentáveis e, ao mesmo tempo, rentáveis?
É junto à concepção do projeto que deve-se pensar nas adequações às condicionantes locais e, ao mesmo tempo, em soluções que gerem uma performance mais expressiva.
A ventilação, a iluminação e o aquecimento são aspectos importantes, que precisam ser considerados ao desenvolver a planta de autoria. Maximizar a exposição da obra ao fluxo de ar favorece a iluminação natural e ganhos de calor. Ambientes com boa circulação entre as áreas interna e externa são mais sustentáveis, otimizando o uso de itens que consomem energia elétrica, como ares-condicionados, lâmpadas e aquecedores.
Para localidades com temperaturas mais elevadas, ambientes gramados e/ou arborizados contribuem para a harmonização da temperatura ambiente. Existem várias outras técnicas que podem ser aplicadas, de acordo com as necessidades verificadas no projeto: resfriamento evaporativo e umidificação, ventilação vertical, inércia térmica e aquecimentos solar ou artificial são algumas delas.
A racionalização do consumo de energia também pode estar inclusa na cor da tinta aplicada em paredes e tetos, na seleção dos materiais mais adequados, no sistema de aberturas de portas e janelas, no tipo de vidro empregado e no uso da vegetação para sombreamento.
Assim, o projeto que busca diminuir o consumo de energia e melhorar a sustentabilidade também precisa adotar fontes de energia alternativas, como eólica e fotovoltaica.
Outros potenciais de economia incluem a captação da água da chuva e de ares-condicionados, bem como o reaproveitamento dessa água. Tudo isso levando em conta o terreno, o clima local e a rotina do público dessa edificação, com aplicação das estratégias bioclimáticas de forma integrada e complementar.
Certificações e licenças regulamentares
Que a construção civil gera diversos impactos ambientais, não é novidade. Muitos deles são necessários para o desenvolvimento da indústria e, também, das cidades como um todo. Felizmente, é possível atingir o equilíbrio e continuar investindo no setor de forma que os danos causados sejam minimizados — ou até mesmo evitados.
O licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes é uma das maneiras de prever possíveis compensações e potenciais efeitos causados pelas intervenções no ecossistema, como erosão e assoreamento do solo, fauna e flora, nascentes e recursos hídricos, lagoas, dunas, mangues e outros cenários frágeis.
Existem, ainda, diversas certificações que surgiram recentemente ou foram atualizadas, com o objetivo de atestar se uma obra é ou não sustentável. No Brasil, as principais são:
- Leadership in Energy and Environmental Design (LEED);
- Selo Procel de Edificações;
- Processo AQUA;
- Selo Casa Azul;
- Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), com quatro classificações:
- Geral, que inclui envoltória, iluminação e condicionamento de ar;
- Parcial da envoltória, que inclui fachadas, cobertura, aberturas envidraçadas e vãos;
- Parcial da envoltória e do sistema de iluminação;
- Parcial da envoltória e do sistema de condicionamento de ar.
Lembrando que todas elas podem ser fornecidas tanto para a edificação completa, quanto para os blocos, pavimentos ou conjuntos de salas.
Podemos encontrar diversas leis, regulamentações, licenças, etiquetas e certificações para garantir que o meio ambiente sofra o mínimo possível com as construções. Por outro lado, é possível também assegurar uma edificação sustentável desde a sua concepção. Quando o objetivo está em fazer mais e melhor, certamente haverá obras mais inteligentes, duráveis e benéficas.
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