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Toda edificação precisa distribuir no solo as cargas que agem sobre ela. Mas, para isso, existem diversos tipos de fundações. Então é importante conhecê-las e saber escolher a mais adequada para cada caso específico.
Na prática, a execução de uma obra começa por esse processo, pois é a partir dela que a estrutura será construída. Porém, a escolha se inicia desde a concepção da edificação, já que adotar um dos tipos requer o estudo de diversas variáveis.
É necessário levar em conta questões relacionadas ao local da construção, como por exemplo:
- Tipo de solo;
- Profundidade do lençol freático;
- Presença de rochas;
- Qualquer outro detalhe que vá influenciar diretamente na distribuição das cargas.
Quer saber mais sobre o assunto e se manter atualizado? Continue agora a leitura!
O que você precisa saber antes de escolher uma fundação?
Antes de escolher entre os tipos de fundações, o procedimento correto é realizar um estudo detalhado das propriedades do solo. Isso ajuda a avaliar questões como a deformabilidade, a resistência, a saturação e a profundidade das camadas.
Dessa forma, é possível criar um projeto de construção. Normalmente esse estudo é realizado através da Sondagem de Simples Reconhecimento ou da Sondagem SPT (Standard Penetration Test).
Essa etapa não deve ser negligenciada. Já que é muito mais barato fazer uma análise do território do que escolher a fundação errada e ter problemas futuros com o empreendimento.
Outros fatores importantes são a avaliação do entorno, visto que alguns tipos produzem vibrações que podem causar problemas às edificações vizinhas, e também, claro, a carga da estrutura que será construída.
Então, tudo isso deverá ser bem analisado pelo engenheiro calculista e os profissionais envolvidos nessa etapa.
Os diversos tipos de fundações podem ser divididos em dois grupos: as rasas ou diretas e as fundações profundas ou indiretas. Entenda abaixo a diferença e quais se encaixam em cada grupo.
Tipos de fundações: saiba quais são os principais
Fundações rasas ou diretas
Os modelos rasos são aqueles que distribuem as cargas provenientes da edificação diretamente no solo, predominantemente pela base. Esses tipos só devem ser utilizados em lugares com boa resistência, em uma profundidade inferior a 3 metros.
Existem três principais tipos de fundações rasas: as sapatas, divididas em isolada e corrida, o radier e o bloco de fundação. Em todos esses métodos é necessário fazer uma escavação do território. Para dar a resistência é preciso utilizar um dos materiais de construção civil mais conhecido, o concreto.
Há ainda as vigas baldrames, que fazem parte de algumas fundações rasas, e a grelha, que é pouco usada e difundida no Brasil, mas utilizada em outros países.
Sapata isolada
As sapatas isoladas são blocos de concreto armado, conectados diretamente aos pilares e ficam relativamente distantes umas das outras.
Elas são utilizadas, normalmente, em construções de menor porte com solo resistente, com cargas baixas e pilares bem espaçados. Usualmente são construídas em formato retangular ou com o topo triangular.
Sapata corrida
Já as corridas são diferentes das isoladas pois são contínuas, apresentando formato de viga. Elas são geralmente utilizadas quando as distâncias entre os pilares são pequenas, tornando inviável o uso de sapatas isoladas.
Normalmente são aplicadas em obras menores com solo firme, e em divisas com pouco espaço.
Radier
O radier é uma fundação que se assemelha à uma laje de concreto armado, mas apresenta espessura maior.
Ele é construído por baixo de toda área da estrutura e distribui as cargas provenientes da edificação para o solo através de toda sua extensão. Sua utilização é mais usual quando com cargas baixas, caso contrário seu custo aumenta.
Blocos de fundação
Já os blocos retangulares de concreto que não possuem armadura de aço precisam ter dimensões maiores do que as sapatas isoladas.
Isso permite resistir às cargas e transmiti-las ao solo. Usualmente só são utilizados em terrenos de ótima qualidade e em edificações pequenas.
Viga baldrame
Primeiro é preciso deixar claro que as vigas baldrames não são fundações. Mas sim elementos que compõem as sapatas isoladas e blocos.
Como o nome já diz, são vigas de concreto armado, construídas abaixo das paredes do térreo e responsáveis por distribuir as cargas.
Grelha
A grelha é um exemplo pouco usado e conhecido no Brasil. Ela consiste em um conjunto de vigas de concreto armado que cruzam todos os pilares. Elas possuem dimensões maiores que as dos pilares, o que as diferencia dos casos anteriores.
Vale ressaltar que por mais que as fundações rasas sejam mais comumente utilizadas em obras de pequeno porte, em alguns casos, quando o solo apresenta características muito favoráveis, elas podem ser aplicadas em maiores construções. Além disso, é preciso se atentar ao cálculo de demanda de materiais.
Fundações profundas
Quando o solo do terreno não apresenta boa resistência nos primeiros 3 metros de profundidade, é preciso recorrer às fundações profundas. As principais são as estacas e os tubulões. Mas há ainda um terceiro tipo, menos utilizado, que é a fundação caixão.
Nesses casos, a carga proveniente da estrutura é transmitida pela resistência de fuste, pela lateral, e a resistência de ponta, pela base. Como o próprio nome já diz, elas alcançam grandes profundidades.
Estacas
As estacas têm seções transversais pequenas comparadas aos grandes comprimentos e podem ser pré-moldadas ou moldadas in loco. Entre as pré-moldadas estão as de madeira, de concreto armado ou protendido e as metálicas. Já as moldadas in loco são as do tipo Franki, do tipo Strauss e hélice contínua.
Estacas de concreto e metálicas são cravadas no solo por percussão, vibração ou prensagem. Já as de madeira são cravadas com uso de um bate-estacas. A cravação desse material causa grandes vibrações e ruídos. Por isso, é preciso estudar as condições das edificações vizinhas antes de utilizar essas estacas.
A principal diferença entre as de concreto e as metálicas é que no caso das metálicas a emenda é realizada com maior facilidade e segurança, possibilitando chegar em profundidades maiores.
As de madeira são mais comuns em obras provisórias, mas quando utilizadas em construções permanentes devem passar por tratamento contra elementos que possam danificar sua estrutura. Elas também podem ser emendadas, mas é preciso cuidar com a variação do nível d’água, pois isso pode deteriorar a madeira.
As estacas do tipo Franki são realizadas com perfurações através da cravação de um tubo de ponta fechada com auxílio de um bate-estacas. A medida que o tubo é retirado, a armadura e o concreto são inseridos na perfuração.
A do tipo Strauss necessita de uma escavação prévia para então a perfuração ser concretada na obra. Por isso, ela não atinge grandes profundidades e não consegue ter tanta resistência quanto às pré-moldadas.
Na estaca de hélice contínua, a perfuração é realizada com um trado helicoidal com tubo vazado central. Quando a perfuração é concluída, o concreto vai sendo despejado à medida que o trado é retirado.
Tubulões
Existem basicamente dois tipos de tubulões, o feito a céu aberto e o com ar comprimido. Nos dois casos é necessário que um trabalhador desça para realizar a escavação.
O formato da matéria é cilíndrica, podendo ter ou não base alargada. A escolha vai depender do nível do lençol freático no terreno.
O tubulão a céu aberto é uma estaca de grande diâmetro e que possui a base alargada, necessitando a descida de um operário para realizar o alargamento. Esse método é utilizado apenas em solo coeso que não necessita de escoramento e quando o lençol freático está abaixo da base final.
O tubulão por ar comprimido atualmente é um dos tipos de fundações proibidas pela legislação, por conta dos riscos à saúde dos trabalhadores. Como é um serviço que envolve variação de pressão, há vários perigos envolvidos. A exposição à mudança de pressão pode causar desorientação, rompimento do tímpano e até intoxicação do sangue.
Como escolher a melhor fundação para o seu projeto?
Questões como a carga total da edificação, a resistência do solo e o nível do lençol freático são importantes para decidir qual tipo de fundação utilizar, rasa ou profunda.
No geral, em obras de grande porte, com maiores cargas, e solos de baixa qualidade em pequenas profundidades é necessário adotar as fundações profundas.
Já em construções menores, com cargas pequenas e solos mais resistentes nas camadas superiores, a escolha será uma fundação rasa.
Mas tudo vai depender ainda de outros critérios. Por exemplo, o tempo de execução, custos de materiais e até as condições ambientais e climáticas do local.
Existem diversos subtipos de fundações dentro das rasas e profundas, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Além disso, em alguns casos é possível, do ponto de vista técnico, utilizar mais de um dos modelos. É comum, por exemplo, adotar sapatas isoladas em alguns pontos da fundação e sapatas contínuas em locais como divisas.
Assim, fica a critério do engenheiro calculista qual escolher. Na maioria das vezes, o que vai definir a fundação ideal é o custo-benefício.
A norma que define os critérios a serem observados no projeto e execução desta etapa é a NBR 6122. Conhecer e respeitar a diretriz é dever de todos os colaboradores que estiverem envolvidos na execução da fundação de uma obra. Por isso, é crucial contar com profissionais qualificados, treinados e experientes no assunto.
Esta é uma das etapas que mais gera despesas em uma construção. Por isso, é necessário ter conhecimento e saber escolher o método mais adequado para obter a melhor qualidade.
Além disso, a fundação sustenta toda a estrutura e se for realizada incorretamente pode levar até ao desmoronamento da edificação.
Ficou alguma dúvida sobre o assunto? Comente aqui embaixo. Continue acompanhando os posts no blog para saber das novidades do mercado da construção.