O setor da construção civil é uma das áreas que mais movimenta a economia brasileira. No entanto, a indústria é responsável pelos maiores índices de consumo de recursos naturais e geração de resíduos sólidos. Assim, construir de maneira sustentável é um dos maiores desafios e uma das maiores preocupações do setor. Pensando nisso é que surgiu o termo Bioarquitetura.
O conceito de Bioarquitetura parte do princípio de que é possível, viável e necessário construir edificações utilizando tecnologias contemporâneas combinado com arquitetura vernacular que é a forma de construir pensando nos elementos climáticos, como o vento e a insolação, e utilizando os recursos naturais presentes no ambiente onde estão inseridas. Além disso, o foco não é apenas manter uma estética agradável, mas proporcionar a melhor qualidade habitacional. Para entender melhor este conceito, continue a leitura!
Construção utilizando técnicas da Bioarquitetura
O projeto é a primeira parte e uma das mais vitais, já que é a partir dele que a obra será executada. Inicialmente deve-se estudar o local onde será construída a edificação, analisando minuciosamente todos os possíveis sistemas construtivos sustentáveis que podem ser adotados utilizando os materiais já existentes na região, como o solo, as rochas, as árvores e demais elementos naturais.
Um exemplo de método construtivo sustentável bastante antigo e utilizado até hoje é o Adobe: a técnica consiste em construir paredes de vedação, ou em alguns casos estruturais, utilizando tijolos artesanais cozidos ao sol, feitos basicamente de argila crua, areia, fibras naturais e água.
São diversos métodos, materiais e processos construtivos existentes que podem ser utilizados em conjunto na construção de uma edificação sustentável.
(Fonte: https://br.pinterest.com/pin/560698222338578561/)
É aconselhável dar preferência para materiais produzidos localmente com esta técnica. Assim, a economia local é estimulada e o gasto de energia e emissão de gases poluentes derivados do transporte dos materiais são reduzidos além de representar uma economia de custos na obra.
Uma etapa crucial é analisar os elementos climáticos da região, a fim de se obter uma climatização natural na edificação. Ou seja, é preciso saber os locais e horários de maior incidência do sol e as direções mais frequentes dos ventos. Assim, é possível adotar soluções, como a ventilação natural cruzada, que diminuam o gasto energético com climatização e melhorem o desempenho termoacústico das edificações.
Outra característica da Bioarquitetura é buscar construir preservando os elementos naturais existentes no terreno. É comum utilizar a flora da região para criar telhados verdes e jardins verticais na edificação. Se há, por exemplo, uma árvore no local onde a obra será realizada, o ideal é incorporá-la na construção, assim a edificação fica com uma aparência mais natural e agride o menos possível a natureza local. Isso também é uma forma de contribuir com a temperatura do ambiente, o que futuramente ocasionará a economia do uso de climatizadores.
(Fonte: https://ecotelhado.com/ecoesgoto-sistema-que-utiliza-esgoto-para-regar-plantas-paredes-e-telhados-verdes/)
O projeto deve pensar ainda em meios de obter energia elétrica renovável, utilizando, por exemplo, painéis fotovoltaicos. Outro fator crucial que já é obrigatório para novas construções em alguns estados, é a gestão da água através da captação e do reaproveitamento da água das chuvas, que pode ser utilizada para fins não potáveis, em pias, vasos sanitários, ou até para irrigar plantas.
Já a execução da obra pode ser realizada preferencialmente por mão de obra local, diminuindo a poluição gerada pelo transporte de profissionais de locais distantes. A construção deve evitar ao máximo a geração de resíduos, e o que não for possível evitar deve ser reciclado posteriormente. É preciso, ainda, que a execução utilize a menor quantidade possível de energia.
A Bioarquitetura no Brasil
Aos poucos, os profissionais da construção civil estão se adaptando e aceitando seguir essa nova tendência global.
Aumentou-se a preocupação das empresas em construir de forma mais ecológica e sustentável. E com a maior pressão vinda do mercado para que o setor da construção invista em tecnologias sustentáveis e entregue obras que causem menos prejuízos ao meio ambiente.
Ou seja, as construções precisam oferecer um melhor desempenho habitacional, entregando uma melhor eficiência energética e termoacústica. Portanto, a tendência é que a Bioarquitetura passe a ser comum no Brasil, não só em obras de alto padrão, mas também em construções populares.
Em conjunto com as novas demandas e exigências do mercado, já existem alguns programas e normas nacionais que incentivam, atestam e direcionam as empresas para construir de forma mais sustentável.
Um desses programas é o Selo Casa Azul que fomenta de forma positiva a competição no mercado, atestando as construções que utilizam métodos construtivos sustentáveis. Já a norma NBR 15575 especifica as etapas e exigências a serem seguidas para a obtenção de um melhor desempenho habitacional.
Tecnologia aliada à sustentabilidade
A tendência é que a sustentabilidade se torne rotina nas obras. Assim, os profissionais da construção devem procurar meios de melhorar a eficiência e a produtividade das construções sustentáveis. É nesse sentido que a tecnologia entra, aumentando a qualidade e agilizando o trabalho das obras.
Um bom exemplo são as soluções tecnológicas que ajudam a melhorar a gestão da obra, fazendo um controle melhor dos insumos, da mão de obra, das atividades e de todas as etapas construtivas, o que diminui os desperdícios e o retrabalho e aumenta a produtividade. Por consequência isso ajuda a reduzir os custos e aumentar a qualidade das edificações.
Agora que vimos a importância da Bioarquitetura e de construir de maneira mais sustentável, é preciso que os profissionais se capacitem e se especializem nessa área. Assim teremos edificações que promovem um melhor bem-estar para os consumidores e economizem os recursos naturais do planeta.
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